O Calvário, de Beire - Paredes

04-09-2014 22:55

“Calvário” é uma palavra mágica, desde que o Nazareno por ali passou. Desafiado a “testemunhar” que “Deus é AMOR” e não é “mais nada senão AMOR”, foi no Monte Calvário que Ele nos mostrou a Força da Sua Fé, na entrega à missão que o Pai Lhe confiara. Se “não há maior amor do que dar a vida por aqueles que se amam”, Ele quis ser fiel ao seu Deus / o seu Abba, pai querido. Sabendo-se “enviado pelo Pai para dar testemunho”, Jesus de Nazaré aceitou o desfio. E Deus, que é Amor, não O deixou ficar mal. Também Lhe foi fiel a Ele, ressuscitando-o de entre os mortos para uma Vida em Plenitude. Ontem. Hoje. E amanhã. Porque o amor ou é fiel ou já não é mais amor. 

Hoje, fui lá. Ao Calvário, de Beire Paredes. Uma curiosa e original “valência” da Obra da Rua. Dedicada ao Santíssimo Nome de Jesus, por vontade do seu fundador (Pai Américo!). Porque também ele acreditou (por palavras, actos e omissões!) que “Jesus está Vivo”, que Jesus, ontem, hoje e sempre, é “o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Almocei com os residentes e com o Pe. Baptista que, nos seus 84 anos, ainda é (desde há 60 anos) a alma do Calvário, a continuação / concretização fiel do sonho de Pai Américo. Com mais dois voluntários que, discreta mas persistentemente, passam por ali para ajudar no que é preciso, também eu fiquei para dar o almoço aos que disso necessitam – incapazes de se bastarem a si mesmo, até mesmo no banhar-se, vestir-se e alimentar-se…

Na minha mente bailava uma crónica de Pe Baptista, n’O Gaiato, de 19.08.14: “Há sessenta anos que Pai Américo aceitou a oferta da quinta de Beire, para realizar o sonho de acolher doentes sem cura e sem apoio familiar. //. Andava no seu pensamento tal ideia, quando uma pobre viúva, perto de Paço de Sousa, com quatro filhos incapacitados física e mentalmente, lhe fez este pedido: - Leve os meus filhos que eu já não posso com eles. //. A Quinta de Beire veio como resposta ao desejo desta pobre viúva. Pai Américo ouvia os pobres. Via nos seus pedidos a vontade de Deus para agir”. De mim para mim, vou-me repetindo: “…ouvia os pobres. Via nos seus pedidos a vontade de Deus para agir”. Com alguma inquietação, vou-me questionando: - Por onde ando eu?!... O que faço ?!...

Já pela terceira ou quarta vez seguidas, deixei-me ficar por ali a ouvir, a ver e a observar o Pe Baptista mai-lo desenrolara da vida naquele Calvário. E a ouvir-me, a ver-me e a observar-me no meu tentar saber OLHAR e SENTIR o “mistério” que ali se vive. E começo a perceber aquilo de João Paulo II, um dia, aos doentes: “O Calvário é a colina da alegria perfeita”…

De cada vez que estive ali, botei uma mãozita no dar as refeições aos que disso necessitam. E começo a perceber também que ali, realmente, só é preciso quem precisa d’AQUILO !...  Quem precisa dos necessitados. É. Preciso de lá voltar.