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… - FALA BAIXO !...

22-09-2014 12:27

Era num dos andares de cima. Hora de levantar e despachar… Ouço uma voz de homem, zangado, a botar faladura, em voz altissonante… Não dava para perceber nada, mas dava para entender que era “sermão”… Em determinado momento, sai o disparo, tonitruante: - FALA BAIXO !... Ouve o que te digo e fala-me baixo.

Não ouço ninguém, mas vem de novo o imperativo, em voz ainda mais ameaçadora:  - FALA BAIXO !...

Lembrei aquela, já clássica, do menino que responde: - Mas tu, papá, estás a falar alto!... – Não tens nada com isso. Sou teu pai…

Fico a remoer as nossas CONTRA+dições. Ai o que nos falta CRESCERMO-NOS para ir além da nossa “incompetência inconsciente” – 1º passo a dar para qualquer mudança comportamental auto dirigida. Sem nos darmos conta disso, nas vezes em que o sangue ferve e estamos já comandados pela “cegueira” (e surdez…) emocional, a nossa linguagem verbal mantém-se num PRO que queremos impor aos outros, mas toda a nossa linguagem não-verbal e a nossa paralinguagem já resvalou para o CONTRA os outros… É o safado desse “como” que tanto gosta de comer “o quê”...

E aquilo que queríamos que fosse com+UNIc+ação já virou CONTRA+unicação… A exigir do outro a sua anulação, a exigir a sua SUB+unicação frente ao meu imaginário “poder de dono da verdade”…

Encarregado do nosso bem-estar, o nosso inconsciente (porque é cego) não vê que, se queremos que alguém mude, temos que, silenciosamente, “ilustrar” tudo com o nosso “exemplo”. E, pacientemente, esperar que o outro se sinta urgido pela força da “1ª lei de base das relações interpessoais” - comportamento gera comportamento…  

Cá nos meus diálogos internos, dei comigo envergonhado de mim!... A chorar o tempo que perdi (e, ás vezes, ainda perco) a adorar o “deus” poder…  - Eu é que mando!... Eu é que sei!... Eu é que e que e que… 

A “moldagem” de Um Homem!...

04-09-2014 22:44

Aconteceu assim, com a naturalidade da água que escorre da nascente. As aulas iam começar, mas ainda era férias. Fui almoçar com a Tita e os seus dois filhotes – o Miguel e a Ana que, nos seus vivos seis anitos, já vai “entrar para a primária”… Os pais tinham-lhe remodelado o quarto que, agora, tem “uma secretária para a Ana estudar”… Um bonito desafio para ganhar hábitos de trabalho e leitura. No silêncio pedagógico de “um cantinho só nosso”… 

Já na sala de jantar, a Ana ronda-me e pergunta se “queres ir ver o meu quarto?”… - Agora não, que vamos comer. Depois de almoçar, diz a mãe. Mas a Ana não desiste. A cada pausa, vem o recado: - Vamos agora ver o meu quarto ?!... E, arrumada a mesa, Miguel já agarrado aos amigos via net, a Ana puxa-me e, a correr na minha frente, sobe para o quarto. A mãe sobe comigo, toda orgulhosa de tanta alegria na filha. Ana abre e logo fecha a porta, a olhar para nós: - Ah, está desarrumado!... O avô perdoa!...

Tudo bem mostrado, os três, sentados na cama, deixamo-nos cair para trás, enganchados naquele abraço rom-rom da ternura em família. E foi aí que, enternecido, me lembrei daquele episódio do Bom Papa João (S. João XXIII):

Pouco depois da sua eleição como Papa, à noite, Loris Capovilla, seu secretário, perguntou-lhe qual tinha sido a impressão mais forte daquele dia tão rico de acontecimentos e solenidades. – Pensava na minha casita de Sotto il Monte; pensava no meu pai e na minha mãe, respondeu João XXIII, como quem, melancolicamente, recorda um passado feliz.

Dou graças pelo que já vejo e mais ainda pelo muito que sonho para meus filhos: Uma casa assim, a “modelar” os meus netos, como “homens do amanhã”. Homens que, aos 75 anos, mesmo no dia mais glorioso de suas vidas, possam deixar escorrer assim um “pensava na minha casinha… no meu pai e na minha mãe”. 

. “Deus é uma ave”...

04-08-2014 23:25

. “Deus é uma ave”...


Já lá vão uns 30 anos. Ele era um “instável passadiço” entre uma adolescência difícil e uma juventude promissora. Estávamos na Madeira e descíamos da Serra d’Água para S. Vicente / Penha d’Águia. Falávamos do acreditar ou não acreditar em Deus... Nos radicalismos próprios da idade, ele vomita repúdio pelos “ismos” castradores. Sinto-o, corajoso, nesse saudável “lutar com Deus”, prelúdio de uma Fé esclarecida... Um NÃO sadio a qualquer “deus” que não seja apelo ao crescer que lhe está inscrito na “alma”. 
No ar, lá ao fundo, paira uma Águia Real – no dizer dele. Como diria Torga, vemo-la “de costas”... E, porque falávamos de Deus (o trivial “Quem é...” / “O Que é...”), ele dispara-me: - ...”Para mim, Deus é, pode ser, uma ave ... “ E começa a descrever-me, maravilhado, as características daquela ave que, na nossa frente, brinca com as correntes de ar que ali se entrecruzam. – “Segundo as condições do seu habitat, esta águia desenvolve este ou aquele aspecto da sua anatomia para melhor se adaptar aos ventos, à cadeia alimentar e demais necessidades, no seu meio ambiente”... – “Para mim, Deus é, por exemplo, esta maravilha”. 

RAIVA, minha RAIVA QUERIDA

04-08-2014 23:23

 

 

 

 

 

 

RAIVA, minha RAIVA QUERIDA 

 


Fomos ensinados / treinados a “pensar mal” de muitas coisas que... A nossa RAIVA tem sido uma dessas vítimas. Pensamos mal dela. E damos razões. – Foi ela que me fez passar-me!... 
Se, num grande grupo, pergunto se a raiva é um sentimento bom ou mau, as vozes de que “é um sentimento mau” são mais que muitas. Essa nossa querida raivinha que, em nós, tão cedo se revela aos outros. (Penso nos meus netos, a espernearem-se “com raivinha”...).
Diz a verdade que a “a raiva é uma bênção”. Porque é um piloto automático que, mal nos sentimos invadidos na nossa d’IGNI+dade, logo se levanta num alerta: - Põe-te de Pé! Sê assertivo. Não calques nunca, mas NUNCA TE DEIXES PISAR. Foste criado para Estar de Pé. De pé entre os teus irmãos. Nem capacho nem acapachante de nenhum deles. De Pé! Com a DIGNIDADE de um “Filho de Deus”. 
O Curso PENSA BEM, para te SENTIRES MELHOR quer ser uma ajuda. Visa dar-nos algumas técnicas que, se bem usadas, libertam desses “maus pensamentos”. Podem ajudar a distinguir uma raiva que me visita e uma outra raiva que, sem eu dar por isso, já se instalou e me habita... 
Distinguir se, quando me sinto invadido, a “invasão” é real ou é uma “projecção” das muitas raivas que trago dentro por libertar. Raivas introjectadas, remoídas, perigosas, capazes de cometer todas as injustiças contras aqueles que vejo como injustos...
PENSA BEM, para te Sentires MELHOR, até no lidar com as tuas raivas.

Ser aceite

04-08-2014 23:21

Esta nossa fome de... 
... SER A C E I T E !!!
Já lá vão uns anos. Mas, volta e meia, a história salta-me à cabeça. E eu sofro. Porque, até já celebramos o Dia Mundial da Criança e tudo. Mas AINDA deixamos haver crianças que querem ser “ladrões” – só para ter um “grupo de pertença”... Explico-me: 
A “Pirâmide das Necessidades” de A. Maslow pôs as “necessidades de pertença” em 3º lugar. Vem EricBerne e diz que a “fome de aceitação” é também uma “necessidade básica”. Apoia a sua tese na experiência “macabra” de René Spitz (1945) – o pai do “hospitalismo”. Pelo que vejo, ouço e leio (penso e sinto!), se “um adulto pode aprender a viver sem amor”, uma criança NÃO. E os idosos buscam o suicídio...
A experiência da Celina, num Jardim de Infância, junto à Igreja dos Grilos (à Sé), reforça a tese de Berne. O Tonito, de cinco anitos, “é da pele do diabo” – dizem os seus tutores. “Ninguém faz nada dele”... Num dia de sol, ao chegar da Primavera, a Celina traz os meninos fora da sala. Desafia-os a saborear o sol. Senti-lo na cara, mãozitas, tudo. Mostra os muros velhos da zona e chama a atenção para a vida que desponta – plantas a nascer, formigas a aparecer, sardaniscas a espreitar e a correr. Uma festa da vida que recomeça. 
Já na sala, depois daquela experiência festiva, Celina convida cada menino a “dizer uma coisa bonita ao sol”... Saem as frases típicas desta idade: - És quentinho, dás a vida, és lindo, gosto de ti, adoro-te, és um espectáculo, ... O Tonito toma vez e voz e escangalha tudo: - Sol, vai-te embora!...
Meia atarantada (era a primeira vez que tal lhe sucedia), Celina tenta perceber. Sem mais, ouve: - De dia, toda a gente me bate. De noite é que é fixe. Enquanto as pessoas vêem televisão, nós vamos por cima dos telhados, brincamos aos gatunos e roubamos coisas para comer e brincar. Quando for grande, eu quero ser gatuno...
Ai, Telefone da Esperança, que bonito sonho o teu: - Ser MAIS VIDA para quantos, de milhentas formas, a vida lhes vai sendo negada...

LIBERTAR(-SE) A EXRESSÃO...

04-08-2014 23:07
LIBERTAR(-SE) A EXRESSÃO...
 
Foi uma tarde bonita, libertadora. Mesmo curativa / curadora / terapêutica. Verdadeiramente “eutrapélica”. (“Eutrapélia” é a cura pelo riso, pelo bom humor, pela descontracão, pela companhia alegre e bem disposta, ...).
Publicando no seu mural do facebook uma data de fotos do evento, a Ilídia Elisa teceu um ligeiro comentário, agradecendo às pessoas que estiveram com ela a dar corpo à festa deste encontro. (Há que saber agradecer, porque sem pessoas não há festa...). Em passagem por ali, encarei já com uma data de outros comentários em eco às fotos e seu comentário. Não resisti, entrei na onda e enviei-lhe um e.mail a rezar assim:
- Acabo de tecer um comentário no teu facebook. Acho tão importante este teu (posso dizer NOSSO?) trabalho de "Libertar(-se) a Expressão" ! Tão importante e tão transcendente que TUDO o que se possa fazer para ajudar as pessoas (ajudarmo-nos uns aos outros) a TOMAR CONSCIÊNCIA da pobreza em que vivem(os) e da riqueza em que poderiam(os) viver, TUDO o que se faça é pouco. Parabéns pelo teu trabalho e OBRIGADO.
Dos comentários em questão, despertou-me mais: - Para mim é sempre muito gratificante participar nas danças circulares, inda tenho que aprender a sintonizar-me, mas mesmo assim gosto muito, bem hajas Elisa pela tua disponibilidade e amor.
Juntei-me aos comentardores: - Para lá do "muito gratificante" de que muitos falam (e eu também sinto), acho que as Danças Circulares são um meio quase "natural" de ajudar a pessoa a "Libertar(-se) a Expressão". Isto é: TODOS nascemos para nos comUNIcarmos. Só que, muito cedo, TODOS também aprendemos a defender-nos... E, de tal modo que gravamos em nós, inconscientemente, um medo terrível de nos mostrarmos (podem não gostar do que vêem...). Isso impede-nos de viver na Alegria da doce comunhão.

 

Um TESTEMUNHO gozoso...

04-08-2014 23:04
 
O “voluntariado” pode fazer milagres. Ou melhor, com a ajuda de uma boa experiência de voluntariado, qualquer pessoa pode fazer(-se) milagres. Porque milagre não é conseguir que Deus faça a vontade de uma pessoa... Milagre é conseguir uma pessoa que se faça “vontade de Deus”...
A Nita sempre foi para mim um desafio a pensar e repensar a vida. Inteligente e sensível, artista de alma e coração, exerceu muitos anos como “educadora visual”. E foi fazendo coisas. Entre elas muitas exposições muito diversificadas. Ainda como profissional, quis a “sorte” (um dos muitos nomes populares de Deus...) que fosse parar a uma das muitas unidades da APPACDM – Associação de Pais e Professores de Amigos do Cidadão Deficiente Mental.
Para entendermos bem estes “fenómenos humanos”, convirá dizer que a Nita nasceu em terras onde a torre de uma igreja é mais rara do que a sombra de uma árvore. Quero dizer: A Nita não sofreu “moldagem” religiosa de atavismos confessionais. Entrou livre na vida para poder observá-la, seleccioná-la e saboreá-la. Em liberdade intelectual, emocional, social e, sobretudo, espiritual. Tornou-se assim uma pessoa que vale a pena.
Lembro-me do estremeção que diz ter experimentado quando se viu colocada pela primeira vez naAPPACDM. Em vez de “chorar a sorte”, tentou libertar-se do que trazia consigo em termos de preconceitos e ideias feitas sobre o, para ela ainda desconhecido, “Cidadão Deficiente Mental”. Parece que foi um trabalho duro, mas hoje sente-se orgulhosa de o ter feito.
Entretendo, porque os anos não perdoam, a Nita reformou-se.  E começou a sentir o bichinho do “voluntariado” a mordê-la por dentro. Quer saber do Telefone da Esperança em Lisboa e, por ainda não há, oferece-se a uma unidade da APPACDM em Cascais, como voluntária, dois dias por semana. Manda-nos fotos e fala disso assim: - Estes são os meus Meninos de mais de 50 anos cujas funções estão limitadas à mais reduzida capacidade de fazer. São muito afectivos e obedientes. Adoram beijos e massagens e alguns conseguem manter uma espécie de conversa lógica desfazada do mundo.
Não me contive e pedi que nos falasse de si. De como foi parar ali e como se sente nesse mundo tão especial. A resposta chegou. Ei-la:
- Há cerca de trinta anos, tinha feito a experiência de ensino com esta Associação. Foi quase doloroso .enfrentar tanta incapacidade. Os anos passados  reparei que a minha apreciação do humano a partir dali, tinha tomado direcções inesperadas para mim. Avaliava as atitudes e comportamentos como se todos fossemos deficientes e muito necessitados de compreensão. As nossas deficiências, as minhas deficiências, passaram pelo enorme crivo da mágoa. E procurei por alguma resposta, que não encontrei. O remédio afinal está na proximidade afectiva, como  única possibilidade viável. E assim, passados estes anos, reaproximei-me e não sinto mágoa por eles, pois os vejo com a sua "normalidade" possível. Aprendi muito. E estou aprendendo de novo, pois tenho outra atitude emocional. É muito fácil gostar deles. E com a minha formação de pintora, admiro as suas formas primárias que nos surpreendem e apontam percursos do cérebro humano estético, ou expressivo, muito criativas. `
Seriam estas formas as do início do género humano, segundo os psicólogos. E encontro-me então como que num berçário da raça humana. Tão pacífica, emotiva e dependente.
 

A Bênção de ser cego

04-08-2014 18:56
 
A “bênção de ser CEGO... 
 Duas horas de Poesia. Com o tema LIBERDADE. Uma noite que VALEU A PENA. Foi ontem, no auditório da ACAPO, à Rua do Bonfim – Porto. Quem viu o filme “O Grande Silêncio”, ouviu o testemunho daquele velho trapista que cegou e, mais ainda, quem tenta andar com os olhos abertos pode constatar que algo já mudou em Portugal. Éramos um desnaturado país onde “não havia pobres, cegos, aleijados, tolos. ... Porque só havia pobrezinhos, ceguinhos, aleijadinhos, tolinhos, ...” Agora encontramos a nossa verdadeira natureza. Somos gente. Que pode cegar. E continuar a viver a Grande Aventura de Ser / Estar Vivo. Para irradiar mais vida e vida em abundância.
Ontem, naquele “Encontro Mensal com a Poesia” (um ousado projecto da ACAPO), pudemos ver que os cegos já aprenderam a não ser “coitadinhos” a mendigar a nossa comiseração. São gente. Gente como nós – no que temos de melhor e/ou de pior. Com tendência a MELHOR – porque sabem aproveitar a bênção de uma cegueira bem orientada. Para descobrir “outros mundos” para lá do reduzido e estonteante “mundo de fora” – que tantas vezes leva à ”cegueira emocional”, a pior das cegueiras...
Vi-os e ouvi-os. A fazer poesia, a dizer poesia, a declamar poesia. A incentivar à vida – uma vida com encanto, com poesia e mistério. Rostos a sorrir, sem favor. Orgulhosos de si. Não por ser cegos – claro. Mas apesar de ser cegos. Sem pesar. Por direito próprio. Contagiando. Para que muitos dos que temos olhos possamos ESTAR COM eles a celebrar a vida cantando, tocando piano, flauta ou violino. Recitando também poesia. Apresentando também composições próprias, inéditas, originais que, a seu tempo, irão ser publicadas em livro.
Quase me apetecia a mostrar-vos aqui o rosto de uns/umas tantos que se me gravaram: a Conceição, grande animadora, encantada com os filhos e marido que “não gosta de poesia”, mas gosta de estar ali a ouvi-la, orgulhoso dela.... A ???? tem a sua vaidade, gosta de palco e de aplausos... (“Nós também somos vaidosas como as outras”...). Que faz e irradia poesia. Com aquele rosto bonito que se derrama por todo o corpo e enche a sala. E o... e o... e o... Tantos rostos que VALEU A PENA.
Obrigado ACAPO. Obrigado Mila, pelo desafio que teimava... E até Maio com o tema M Ã E. Um tema quente, a prometer outra noite de Festa, com Henrique ao piano, ??? ao violino. ??? na flauta.

 

Fazes falta Senhor

04-08-2014 18:46
Fazes falta, SENHOR !...
Ouço-os, por telefone. Recebo-os por sms. Às vezes, num amaciador face a face. E, se lhes dou corda, gastamo-NOS horas de um tempo comum que NOS é dado como DOM para NOS ressuscitarmos. Nunca para nos MORT+i+ficarmos...
Se me apanham nas “redes sociais”, o “chat” vira mesmo “chato”... Que pode a gente responder a questões como esta: - “Diga-me  que o sofrimento tem um sentido e que não dura sempre. Às vezes não sei se tenho encaixe para tanta chatice e complicação. Tudo tem um limite. Tenho passado a minha vida a sofrer os problemas da família... E os meus ?” ... 
Um pouco por “descarga de consciência”, faço seguir esta resposta: - “Os problemas não têm SENTIDO. Aliás, NADA tem sentido. O homem (obra prima da Criação) é que tem o PODER DIVINO de dar sentido a TUDO. Só assim é que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Vida e acreditam na Providência”.
Mas sei que esta nossa “linguagem religiosa” pouco ou nada diz a uma pessoa ferida por uma religião com um “Deus” castrador. Porque não quer “sofrer mais com essa treta”...  Conheço a(s) história(s). Uma tremenda “luta com Deus”. Um “Deus” que ainda apela, mas ainda está “cristalizado no antigamente”...
Vou a Carl Gustav Jung (que, com S. Freud, é o pai da Psicanálise). Ouço-o: - “Nunca encontrei ninguém, com mais de 35 anos, que tenha conseguido curar-se sem se reconciliar o ’Deus’ da sua infância”. Não sei falar de um Deus Libertador dom quem está atado a um “Deus” castrador. Tento ser d’Ele a “imagem e semelhança” mais perfeita que sei e posso ser. Porque não sei outro caminho. Mas sei que ELE FAZ MUITA FALTA à gente. Gente que quer ser gente. A começar por mim.

Um BURRO em Jerusalém...

04-08-2014 18:43
 
Alegro-me, porque me vejo diante de uma fábula / parábola – esse recurso literário próprio para tentar dizer o impossível... É com isso que lidamos no Telefone da Esperança (T.E.). Ouvir o impossível. Tentar dizer o impossível. Fazer Formação (impossível...) para quem terá de ouvir e dizer o impossível de dizer-se capazmente: - a d’IGNIdade de um ser humano. Na sua dimensão noético espiritual. Nascido da bio-físico-química, mas para elevar-se às alturas da  Transcendência do “Divino”.
Vamos, então, à nossa fábula / parábola:
 
De volta a casa, um jumentinho, todo contente, fala assim para a mãe:
- Fui a uma cidade grande e, quando lá cheguei, fui muito aplaudido. A multidão gritava alegre, estendia os mantos pelo chão, atiravam flores... Todos estavam contentes com a minha presença.
Mais sábia do que o filho, a mãe perguntou se ele estava sozinho.  
- Não. Estava a levar um homem a quem chamavam Nazareno – filho de um carpinteiro. 
Aí, a mãe tentou ajudar a perceber: - Olha, filho, volta a essa cidade, mas agora sozinho.
- Bom, respondeu o burrinho, quando eu tiver uma oportunidade, voltarei lá...

De volta a Jerusalém, sozinho, todos os que passavam por ele fizeram o inverso do que esperava: maltratavam-no, achincalhavam-no e até lhe batiam... Já em casa, conta à mãe:
- Estou triste, pois nada aconteceu como esperava. Nem palmas, nem mantos, nem flores, nem honra de espécie alguma... Não me reconheceram...
Indignado, pergunta ainda: - Porquê aconteceu isso assim comigo, minha mãe?
 A resposta não podia ser outra: - Olha, filho, um burro fechado em si, sem a comUNI(h)ão com os outros (sobretudo com esse maravilhoso “outro” a que nos habituamos a chamar “Deus”, porque nos dá a d’IGNIdade), um burro sozinho, nunca passará de um reles jerico !...

LEMBREI a sabedoria daquele pai que todos os dias repetia aos filhos: - Há tanto que aprender !... Todos nascemos burros, mas só os burros permanecem assim...